Médica que atendeu mãe e bebê antes de morte em parto vai responder por homicídio culposo: 'Agiu de forma negligente', diz SSP
Karle e o filho Lorenzo morreram no dia 30 de outubro, no Hospital Maternidade Dona Regina, em Palmas. Segundo a polícia, médica que fez atendimento no dia an...
Karle e o filho Lorenzo morreram no dia 30 de outubro, no Hospital Maternidade Dona Regina, em Palmas. Segundo a polícia, médica que fez atendimento no dia anterior agiu sem a devida cautela exigida pela situação ao não solicitar exames ou encaminhar grávida para especialista. Karle Cristina Vieira estava grávida de 39 semanas. Ela e o bebê morreram no Hospital e Maternidade Dona Regina. Arquivo Pessoal A médica responsável pelo atendimento da paciente Karle Cristina Vieira Bassorici no dia 29 de outubro de 2024, no Hospital Maternidade Dona Regina, foi indiciada pela Polícia Civil por homicídio culposo. A paciente e o filho Lorenzo morreram após o parto no dia seguinte. Para a polícia, houve negligência no atendimento à vítima. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou apenas as iniciais da médica: M.S.C. O g1 não conseguiu contato com a defesa dela. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que a médica não faz mais parte do quadro de servidores (veja a nota abaixo). 📱 Participe do canal do g1 TO no WhatsApp e receba as notícias no celular. Grávida de 38 semanas, a técnica de enfermagem Karle Cristina foi ao Hospital Dona Regina, por volta das 21h30 do dia 29 de outubro, com queixa de febre e dores lombares, segundo a família. Ela recebeu medicação e foi liberada. No dia seguinte, a técnica de enfermagem voltou à unidade com dores com sangramento. Foi feito o parto, mas o bebê teria nascido sem vida, segundo a SES - a família questiona essa informação e diz que Lorenzo teria sido submetido a procedimentos de reanimação. Karle morreu horas depois. O laudo apontou um tromboembolismo pulmonar como causa da morte. O caso foi investigado pela 3ª Delegacia de Polícia de Palmas. Conforme a SSP, a gestante tinha alto risco e sintomas que sugeriam complicações graves, mas a médica não adotou medidas básicas de investigação clínica e obstétrica. “Após extensa análise dos depoimentos colhidos, laudos periciais, prontuários médicos e demais elementos de prova, foi constatado que a médica M.S.C., responsável pelo atendimento de Karle no dia 29 de outubro, agiu de forma negligente ao não adotar medidas básicas de investigação clínica e obstétrica compatíveis com o quadro apresentado pela paciente”, informou a polícia. O inquérito concluiu que a ausência de exames essenciais, como ultrassonografia e monitoramento de batimentos cardíacos fetais, bem como a falha em encaminhar a paciente para avaliação obstétrica ou manter observação hospitalar, contribuiu diretamente para o agravamento do estado de saúde de Karle e de seu bebê. "No dia seguinte, mesmo com o esforço da equipe médica para intervir emergencialmente, o quadro já havia se deteriorado, culminando no desfecho fatal”, afirmou a polícia. LEIA MAIS Marido relembra morte da esposa e filho em parto e pede justiça: 'Pra não acontecer com outra família' Maternidade é vistoriada pelo Ministério Público após grávida e bebê morrerem em parto; família denunciou caso Grávida e bebê morrem após parto e parentes denunciam falta de médico especialista: 'Família está desolada' Após morte de mãe e filho, MPE pede que Estado regularize escala de especialistas na maternidade Dona Regina Indiciada por homicídio culposo A médica foi indiciada pelo crime de homicídio culposo, previsto no artigo 121, §3º, do Código Penal Brasileiro, por agir sem a devida cautela exigida pela situação. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público, que dará prosseguimento ao caso junto ao Poder Judiciário. “A conclusão célere do referido inquérito reforça o compromisso da Polícia Civil com a transparência e a imparcialidade em suas investigações, sempre buscando justiça e respostas para as famílias afetadas”, afirmou a polícia. Vistoria e pedido de regularização Tanto o Ministério Público Estadual (MPE) como o Conselho Regional de Medicina fizeram vistorias no Hospital e Maternidade Dona Regina. Foram apontados problemas estruturais e grande volume de trabalho para poucos profissionais nas escalas. O MPE entrou com uma Ação Civil Pública pedindo que o Estado regularize a escala de obstetras e pediatras na sala de parto do Hospital e Maternidade Dona Regina. Íntegra da nota da Secretaria de Estado da Saúde A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que a referida médica não faz mais parte do quadro de servidores da Pasta e as investigações internas pelas comissões de óbito e de revisão de prontuários, do Hospital e Maternidade Dona Regina Siqueira Campos, bem como da Corregedoria da Saúde seguem em curso para a apuração dos fatos no acolhimento da paciente Karle Cristina Vieira Bassorici e seu filho Lorenzo. A SES-TO reitera seu profundo pesar pelo falecimento da paciente e seu bebê e coloca-se à disposição dos familiares para o apoio necessário. Por fim, a Pasta pontua que colabora com todos os demais órgãos envolvidos, na elucidação dos fatos. Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.